(Fonte Catolicismo)
Modelo para todas as nossas atividades, a Santíssima Virgem nos ensina o modo de proceder nas encruzilhadas espirituais de nossa existência, como no momento de decidir pela vocação a seguir na vida
Certas perguntas são interessantes, exatamente pelo grau de desconhecimento teológico que revelam. Assim, certa pessoa me inquiria: “Nossa Senhora sempre sabia que ia ser mãe de Deus, não é?”.
Respondi que, se assim fosse, as palavras do anjo São Gabriel teriam sido diferentes. O anjo não teria explicado a Ela que conceberia o filho do Altíssimo, mas diria tão só que chegara a hora de concebê-Lo. Se Ela já sabia, por que explicar de novo que seria a Mãe do Filho de Deus?
Ante essa resposta, o interrogante formulou nova pergunta: então, o que Ela pensava que ia ser? Para responder tal questão, é necessário considerar certos pressupostos.
O problema da vocaçãoQuando Deus cria uma alma, Ele tem um plano pessoal para ela. Por isso mesmo, dota-a das qualidades de que necessitará para a realização desse plano. Por exemplo, uma pessoa chamada a ser médico, normalmente terá interesse pelas matérias relacionadas com o tema, terá boa memória para os assuntos que deve estudar etc. Mas não necessariamente terá voz de cantor de ópera nem dominará a arte da caligrafia.
Em geral, Deus chama as pessoas para o estado matrimonial. Mas, para certas almas privilegiadas, Ele tem um outro plano. É o que comumente se denomina “vocação”, que em latim quer dizer “chamado”. O exemplo mais comum é a vocação religiosa.
Por exemplo, pode ser que uma pessoa chamada para servir a Deus mais profundamente no estado religioso sinta uma atração especialíssima por todos os temas teológicos, doutrinários, pastorais, etc. As cerimônias litúrgicas a atraem, os mistérios teológicos a fascinam, a prática da caridade a encanta. E isto desde criança.
Discernir o chamado pode ser uma das maiores provações da vida espiritualMuitas vezes lemos nas vidas de santos exemplos disso. Esse chamado é muito forte, e faz com que todos os outros interesses da vida sejam postos de lado. Outras vezes, os sinais da vocação se mostram por outros meios.
Lemos igualmente nas vidas de santos que muitos deles sabiam ou pressupunham ter uma alta vocação. Mas nem sempre Deus mostra exatamente no que ela consiste.
Pode ser esta uma das maiores provações da vida espiritual, pois a alma sente a atração por algo muito grande… que não sabe exatamente o que é! E esta situação, em alguns casos, pode prolongar-se por anos e anos. Lembro-me de um livro que continha estatísticas sobre o santos; um terço deles trocou de ordem religiosa ou mudou de situação canônica.
Sendo santos, isto não implica em preguiça de seguir o chamado de Deus ou em falta de desejo de encontrar seu caminho espiritual. Pelo contrário, Deus se faz buscar, e o faz para nos dar a oportunidade de ganhar méritos para a vida eterna.
Outros já encontram naturalmente sua vocação desde a mais tenra infância e a seguem até o fim da vida.
A vocação de Nossa Senhora
Sendo isenta do pecado original, a inteligência de Nossa Senhora não sofria as debilidades e confusões a que nós estamos sujeitos. Com lógica impecável, ela relacionava imediatamente os fatos, tirava as conclusões acertadas, previa as possibilidades.
É óbvio que Ela mesma notaria a abundância de qualidades com que Deus a tinha dotado, e que tais qualidades pressupunham uma vocação especialíssima. Mas qual era essa vocação?
Hoje, todos nós católicos sabemos pela Fé que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se encarnou, pertenceu à Sagrada Família e trabalhou, pois quis nos servir de exemplo como Homem-Deus.
Naquela época, porém, as pessoas tinham conhecimento apenas de que surgiria um Redentor da humanidade, mas não conheciam os detalhes. Eram questões que os doutores debatiam. Nossa Senhora formularia para si também essas perguntas, mas devido à sua humildade, evitava sonhos de grandeza.
Todas as mulheres de Israel desejavam ter como filho ou descendente o Salvador que viria. Nada mais natural. E por isso a instituição do matrimônio era apreciada num grau muito elevado. Não obstante, mesmo no mundo antigo a idéia de dedicar a virgindade ao serviço de Deus tinha seu papel.
Segundo uma bela tradição, Nossa Senhora teria feito voto de virgindade desde a mais tenra idade. Sua inteligência, em nada debilitada, pois não fora atingida pelo pecado original, mostrar-lhe-ia que a virgindade era sumamente agradável a Deus, e graças especiais a levaram a dar tal passo.
A Tradição católica nos mostra Nossa Senhora, desde menina, servindo a Deus no Templo de Jerusalém. Mas tendo morrido seus santos pais, São Joaquim e Sant´Ana, Ela ficou sob a proteção do Sumo Sacerdote do Templo, como ocorria com as órfãs que ali serviam. Em determinado momento esse sacerdote decidiu que, tendo chegado a idade requerida, Nossa Senhora deveria casar-se.
Perplexidade da Virgem SantíssimaE aqui temos um exemplo típico de perplexidade na vida espiritual. Por um lado Nossa Senhora havia feito voto de virgindade a Deus, para agradar o Altíssimo.
Contudo, o Sacerdote que tinha sobre Ela a legítima autoridade, e que representava nesta Terra a voz de Deus, por meio da obediência ordenava-lhe algo contrário à virgindade, pois justamente o fim primordial do matrimônio é ter filhos e educá-los.
De um lado, uma certeza moral firmíssima: a virgindade; de outro, um fato concreto evidente: a obediência. Aparentemente eles se contrapunham.
E sabemos que Nossa Senhora aceitou o fato concreto, na certeza de que Deus, na sua infinita sabedoria, proveria. Era um fato claro e concreto: a voz da autoridade mandava que ela se casasse. Diante disso Ela se submeteu, confiando que Deus a preservaria.
A História revelou a sapiencialidade dessa decisão. Constatamos hoje que, para o Menino-Deus, embora nascendo de uma Virgem, era altamente conveniente que tivesse a ampará-lo uma família normal, cujos pais eram ligados pelo vínculo matrimonial. E para a própria reputação da Virgem Maria, naquele tempo isto era necessário, até que se revelasse ao mundo todo a maravilha de uma Virgem-Mãe.
Certamente houve na vida da Santíssima Virgem outros momentos em que ela não compreendeu as ordens de Deus, que pareceriam ter um sentido contrário àquilo que a graça colocava em sua alma. Como no episódio da perda do Menino Jesus no Templo. São os misteriosos caminhos da cruz, pelos quais passam pessoas dotadas de vocações especiais.
Pedir a Nossa Senhora ajuda nas perplexidadesEsta é, pois, uma oportunidade muito adequada para pedir a proteção da Santíssima Virgem para aqueles que, nestes momentos, passam por perplexidades análogas às d’Ela. Pois Nossa Senhora saberá justamente apreciar quanto apoio espiritual necessitam os que transitam por tais caminhos da graça.
Certas perguntas são interessantes, exatamente pelo grau de desconhecimento teológico que revelam. Assim, certa pessoa me inquiria: “Nossa Senhora sempre sabia que ia ser mãe de Deus, não é?”.
Respondi que, se assim fosse, as palavras do anjo São Gabriel teriam sido diferentes. O anjo não teria explicado a Ela que conceberia o filho do Altíssimo, mas diria tão só que chegara a hora de concebê-Lo. Se Ela já sabia, por que explicar de novo que seria a Mãe do Filho de Deus?
Ante essa resposta, o interrogante formulou nova pergunta: então, o que Ela pensava que ia ser? Para responder tal questão, é necessário considerar certos pressupostos.
O problema da vocaçãoQuando Deus cria uma alma, Ele tem um plano pessoal para ela. Por isso mesmo, dota-a das qualidades de que necessitará para a realização desse plano. Por exemplo, uma pessoa chamada a ser médico, normalmente terá interesse pelas matérias relacionadas com o tema, terá boa memória para os assuntos que deve estudar etc. Mas não necessariamente terá voz de cantor de ópera nem dominará a arte da caligrafia.
Em geral, Deus chama as pessoas para o estado matrimonial. Mas, para certas almas privilegiadas, Ele tem um outro plano. É o que comumente se denomina “vocação”, que em latim quer dizer “chamado”. O exemplo mais comum é a vocação religiosa.
Por exemplo, pode ser que uma pessoa chamada para servir a Deus mais profundamente no estado religioso sinta uma atração especialíssima por todos os temas teológicos, doutrinários, pastorais, etc. As cerimônias litúrgicas a atraem, os mistérios teológicos a fascinam, a prática da caridade a encanta. E isto desde criança.
Discernir o chamado pode ser uma das maiores provações da vida espiritualMuitas vezes lemos nas vidas de santos exemplos disso. Esse chamado é muito forte, e faz com que todos os outros interesses da vida sejam postos de lado. Outras vezes, os sinais da vocação se mostram por outros meios.
Lemos igualmente nas vidas de santos que muitos deles sabiam ou pressupunham ter uma alta vocação. Mas nem sempre Deus mostra exatamente no que ela consiste.
Pode ser esta uma das maiores provações da vida espiritual, pois a alma sente a atração por algo muito grande… que não sabe exatamente o que é! E esta situação, em alguns casos, pode prolongar-se por anos e anos. Lembro-me de um livro que continha estatísticas sobre o santos; um terço deles trocou de ordem religiosa ou mudou de situação canônica.
Sendo santos, isto não implica em preguiça de seguir o chamado de Deus ou em falta de desejo de encontrar seu caminho espiritual. Pelo contrário, Deus se faz buscar, e o faz para nos dar a oportunidade de ganhar méritos para a vida eterna.
Outros já encontram naturalmente sua vocação desde a mais tenra infância e a seguem até o fim da vida.
A vocação de Nossa Senhora
Sendo isenta do pecado original, a inteligência de Nossa Senhora não sofria as debilidades e confusões a que nós estamos sujeitos. Com lógica impecável, ela relacionava imediatamente os fatos, tirava as conclusões acertadas, previa as possibilidades.
É óbvio que Ela mesma notaria a abundância de qualidades com que Deus a tinha dotado, e que tais qualidades pressupunham uma vocação especialíssima. Mas qual era essa vocação?
Hoje, todos nós católicos sabemos pela Fé que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se encarnou, pertenceu à Sagrada Família e trabalhou, pois quis nos servir de exemplo como Homem-Deus.
Naquela época, porém, as pessoas tinham conhecimento apenas de que surgiria um Redentor da humanidade, mas não conheciam os detalhes. Eram questões que os doutores debatiam. Nossa Senhora formularia para si também essas perguntas, mas devido à sua humildade, evitava sonhos de grandeza.
Todas as mulheres de Israel desejavam ter como filho ou descendente o Salvador que viria. Nada mais natural. E por isso a instituição do matrimônio era apreciada num grau muito elevado. Não obstante, mesmo no mundo antigo a idéia de dedicar a virgindade ao serviço de Deus tinha seu papel.
Segundo uma bela tradição, Nossa Senhora teria feito voto de virgindade desde a mais tenra idade. Sua inteligência, em nada debilitada, pois não fora atingida pelo pecado original, mostrar-lhe-ia que a virgindade era sumamente agradável a Deus, e graças especiais a levaram a dar tal passo.
A Tradição católica nos mostra Nossa Senhora, desde menina, servindo a Deus no Templo de Jerusalém. Mas tendo morrido seus santos pais, São Joaquim e Sant´Ana, Ela ficou sob a proteção do Sumo Sacerdote do Templo, como ocorria com as órfãs que ali serviam. Em determinado momento esse sacerdote decidiu que, tendo chegado a idade requerida, Nossa Senhora deveria casar-se.
Perplexidade da Virgem SantíssimaE aqui temos um exemplo típico de perplexidade na vida espiritual. Por um lado Nossa Senhora havia feito voto de virgindade a Deus, para agradar o Altíssimo.
Contudo, o Sacerdote que tinha sobre Ela a legítima autoridade, e que representava nesta Terra a voz de Deus, por meio da obediência ordenava-lhe algo contrário à virgindade, pois justamente o fim primordial do matrimônio é ter filhos e educá-los.
De um lado, uma certeza moral firmíssima: a virgindade; de outro, um fato concreto evidente: a obediência. Aparentemente eles se contrapunham.
E sabemos que Nossa Senhora aceitou o fato concreto, na certeza de que Deus, na sua infinita sabedoria, proveria. Era um fato claro e concreto: a voz da autoridade mandava que ela se casasse. Diante disso Ela se submeteu, confiando que Deus a preservaria.
A História revelou a sapiencialidade dessa decisão. Constatamos hoje que, para o Menino-Deus, embora nascendo de uma Virgem, era altamente conveniente que tivesse a ampará-lo uma família normal, cujos pais eram ligados pelo vínculo matrimonial. E para a própria reputação da Virgem Maria, naquele tempo isto era necessário, até que se revelasse ao mundo todo a maravilha de uma Virgem-Mãe.
Certamente houve na vida da Santíssima Virgem outros momentos em que ela não compreendeu as ordens de Deus, que pareceriam ter um sentido contrário àquilo que a graça colocava em sua alma. Como no episódio da perda do Menino Jesus no Templo. São os misteriosos caminhos da cruz, pelos quais passam pessoas dotadas de vocações especiais.
Pedir a Nossa Senhora ajuda nas perplexidadesEsta é, pois, uma oportunidade muito adequada para pedir a proteção da Santíssima Virgem para aqueles que, nestes momentos, passam por perplexidades análogas às d’Ela. Pois Nossa Senhora saberá justamente apreciar quanto apoio espiritual necessitam os que transitam por tais caminhos da graça.